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terça-feira, 6 de agosto de 2013

Do que você gosta?

- Baseado numa história real.

"Alô. Oi, mô. Cheguei. Vou ficar te esperando aqui do lado de fora do cinema, ok? Beijos".
Chiquinho desligou o celular, e encostou em uma das paredes do cinema. Inclusive, uma que havia uma enorme foto do Homem de Ferro lançando seus raios propulsores. Provavelmente o filme que sua namorada assistia estava no final. Daqui uns vinte minutos encontraria com ela e sairiam para comer alguma coisa. Chiquinho ficou pensando no que comeriam, e onde comeriam, e foi em meio a estes pensamentos que um japonês de terno, com cabelo meticulosamente ajeitado com gel, se aproximou dele. E também encostou na parede.

- Boa noite. – disse o japonês.
- Boa noite. – Respondeu Chiquinho.

E o silêncio instaurou-se. Aquele silêncio constrangedor que antecede aquele momento em que você acha que terá de conversar. Mas o japonês foi rápido, e começou uma conversa.

- Vai assistir alguma coisa? – perguntou.
- Não. – silêncio. – E você?
- Não.

Silêncio. Silêncio. Silêncio.

- Eu encostei meu carro ali no estacionamento porque tá na hora do meu rodízio. E tô esperando chegar a hora pra eu poder sair.
- Ah sim. – completou Chiquinho.

Chiquinho começou a imaginar o que aconteceria primeiro. A chegada de sua namorada ou a partida do japonês. E começou a se desesperar. Até que, do nada, a pergunta do asiático veio:

- Do que você gosta?

Chiquinho virou-se para o japonês e percebeu que ele estava numa postura um tanto quanto duvidosa. Ele parecia um Jackie Chan mal desenhado, tentando ser sexy.

- Como assim, do que eu gosto? De filme? De música?

O japonês fez uma pausa, aproximou-se de Chiquinho e perguntou:

- Você gosta de uma safadeza?

Chiquinho pulou no lugar, virou-se para o homem, se afastou, agitou as mãos, balançou a cabeça... Fez tudo ao mesmo tempo. Olhou para a porta do cinema, esperançoso que sua namorada viesse para salvá-lo.

- Não. Não gosto não. – respondeu.
- Claro que gosta! Todo mundo gosta de uma safadeza!

Chiquinho continuou agitado.

- Não. Eu não gosto.

O japonês sorriu, sem acreditar, e diante de tudo isso, ainda propôs:

- O meu carro tá lá, esperando o rodízio. O que acha de irmos lá dentro do carro e nos conhecermos melhor?
- Não, cara. – respondeu Chiquinho.
- Rola uma grana, heim.

Chiquinho não podia acreditar no que estava acontecendo. Mas o japonês continuou...

- Uma grana alta!

Mas o rapaz não podia mais aguentar. E exclamou, bravo:

- NÃO, CARA.

O japonês pareceu contentar-se. Balançou a cabeça decepcionado, virou-se e se despediu. Nos últimos instantes, ainda pediu:

- Então, me passe seu celular.
- NÃO, CARA!

O pequeno japonês confirmou com a cabeça, virou-se e partiu, decepcionado. E foi neste mesmo momento, que a namorada de Chiquinho apareceu sorrindo, parecendo que curtiu bastante o filme. Seu namorado não esperou um instante para lhe contar a história que havia vivido. E entre risos, a namorada de Chiquinho apenas comentou:


- E VOCÊ NEM PERGUNTOU QUANTA GRANA ERA?!