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segunda-feira, 29 de julho de 2013

Amanda e Sofia.

Amanda era uma menina que tinha muitos brinquedos. Ela vivia em um dos bairros mais nobres da cidade de São Paulo com seus pais. Nascera em uma família de classe média alta, uma família extremamente humilde, inteligente e respeitosa.
Aos finais de semana, os pais de Amanda visitavam instituições de caridade, faziam doações para orfanatos, participavam da luta pela igualdade social e discursavam contra as injustiças. Mesmo aqueles que estavam "da ponte pra cá", conheciam a família de Amanda e se encantava. Reviam os seus conceitos e passavam a atentar mais para os seus próprios preconceitos.

Um dia, Amanda conheceu Sofia. Ela era uma menina que estudava na sua escola. Ela tinha muito mais brinquedos do que Amanda já tivera. Mas, mesmo com 8 anos, Amanda não ligava para isto. A menina havia sido muito bem ensinada, e a inveja não era um dos seus aprendizados.

Outro dia, Amanda chamou Sofia para brincar em sua casa. Os pais de Sofia permitiram. Os pais de Amanda permitiram. E com ambas permissões, o encontro aconteceu.

As duas sentaram, como iguais, e brincaram. Sofia levou suas próprias bonecas. Amanda também estava com as suas. A brincadeira durou horas, sem possíveis desavenças, até o momento em que Sofia resolveu espiar dentro de um baú que Amanda tinha no canto de seu quarto. Dentro do baú haviam bonecas que Amanda não brincava há anos! E nem sequer se lembrava da existência delas.

Amanda observou a garota olhar, olhar, olhar. E então, Sofia inclinou-se e pegou uma das bonecas. Olhou para Amanda e perguntou: "Posso brincar com essa?"

Algo aconteceu dentro de Amanda. O seu peito se inflou um pouco, sua voz travou, sua cabeça deu uma pontada no lado direito e tudo que emitiu foi: "Não."

Sofia se assustou. E perguntou: "Você não brinca mais com elas."

Amanda repetiu: "Não."

Sofia não entendeu nada. Mas largou a boneca, e voltou a brincar com Amanda com suas próprias bonecas. A brincadeira fluiu normalmente até o final.

sexta-feira, 26 de julho de 2013

O que eu acredito.

AMADEU: Você precisa de algo mais do que dois corpos enrolados pra se esquentarem durante a chuva. Você precisa de um temporal que dure anos. Você precisa de uma casa que te proteja da chuva. De um marido que lhe proteja dos trovões. E de um filho que se aperte nos seus braços quando visse o primeiro relâmpago da vida. É nisso que acredito, Silvia.

(Trecho do texto Três Tangos, escrito por Fernando Vieira e Renan Almeida.)

terça-feira, 16 de julho de 2013

Conto de Fadas

(Texto iniciado em 2005, e terminado em 2013).


Em seu aniversário, o Príncipe Encantado foi até o quarto do irmão para lhe contar as novidades... Que em breve se casaria com a donzela mais linda de todo o reino. Mas quando abriu a porta, não encontrou o irmão. Procurou debaixo da cama, procurou dentro dos armários, nos banheiros... Procurou em todo o castelo. E tudo que foi capaz de encontrar era um bilhete que dizia: "Irmão, parti para aprender a viver."

O Príncipe Encantado viveu feliz para sempre com sua esposa, porém ainda havia um vazio em seu coração. Um vazio que seu irmão havia deixado. E pra sempre se perguntando porque o irmão precisara fugir para "aprender a viver."


E há quilômetros dali, no meio das floresta, o irmão do Príncipe Encantado, apenas um filho bastardo, respondia com as seguintes palavras: "Irmão, parti para aprender a viver porque não quero mais aprender com você."

sábado, 13 de julho de 2013

O Delírio do Forró

Hoje uma menina passou na rua. Esta menina não era a mais bela, não era a mais graciosa, não era a mais inteligente, não era a mais simpática e não era a mais apaixonante. Era apenas uma menina que passou na rua. Ela não vestia roupas extravagantes, ela não cantarolava, ela não andava graciosamente e não tinha os olhares dos homens tarados. Ainda era apenas uma menina que passou na rua.

Eu estava parado quando esta menina se aproximou, se apresentou (agora, com graciosidade), estendeu-me a mão e me chamou para uma dança. Não tocava música, ninguém estava dançando. A menina era louca? Não sei, mas me aproximei para dançarmos.

E juntos dançamos. Dançamos forró. Giramos, nos abraçamos e rimos. Depois, ela se afastou, perguntou-me a hora e num instante, desapareceu.

Não a procuro, talvez porque não queira ser encontrada.
Não a procuro, talvez porque ela seja realmente apenas uma menina que passou na rua.

quarta-feira, 10 de julho de 2013

"Desculpe a abordagem".

ELE: Chega chegando, sorrindo, com toda a rapaziada.
ELA: Chega, sozinha, senta, calada.

ELE: Vem todo colorido, engraçadão, dançando.
ELA: Ela está bem parada, vestida de branco.

ELE: Apressa, corre, tropeça.
ELA: Confiante, esperta, promessa.

ELE: Sem vergonha, cafajeste, sempre tramando.
ELA: Curtindo, sorrindo, falando.

ELE: "Eu gosto de sangue, explosão, acidente".
ELA: "Eu gosto do viveram felizes para sempre".

ELE: Pôr-do-Sol.
ELA: Amanhecer.

ELE: Madrugada.
ELA: Entardecer.

ELE: "Desculpe a abordagem".
ELA: "Eu gosto de tua coragem".