Seu nome é Pedro. Ele era um bêbado.
Eu, pessoalmente, não consigo imaginar até hoje como terá
sido sua infância. Parece ter sido criado no momento em que eu o conheci.
Parece ser uma ilusão da socidade.
Suas palavras são ágeis, seus pensamentos fluídos e ele
gosta de trabalhar. E como gosta de trabalhar. Ele corre para lá, corre para
cá. Monta uma cortina, troca uma lâmpada, escreve versos e poemas. E no final,
percebe o sistema natural das coisas, e desmonta, destroca, reescreve... E
segue assim.
Ele tem melhores amigos. Não muitos, tem dois. Um menino,
uma menina. E se apaixonam quando, nas noites escuras, se reúnem em alguma
praça qualquer para tocar e cantar. O menino toca, a menina canta. E o bêbado
sorri, respirando.
Toda vez me questiono sobre os planos de Deus (ou
qualquer outra força maior) para Pedro. Sinceramente, é impossível que seu
talento oratório e sua exímia felicidade seja obra do acaso.
Tento entendê-lo, mas não é tão simples. Entendê-lo se
tornou uma arte na qual temos que, a todo momento, lapidar. Ele muda de ideia com
a mesma rapidez que troca lâmpadas.
Ele se irrita com facilidade. Ele gosta de abraçar.
Eu também imagino o seu fim. Por vezes, eu imagino o seu
fim. Ele é tão louco, tão trabalhador, tão sorridente, tão rápido... Que não
posso imaginar que tipo de morte ele terá. Mas todos sentirão falta dele.
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