Sempre escrevi rimas previsíveis. Eu rimo Amor com Dor.
Rimo Paixão com Tesão. Rimo Rir com Sorrir. E geralmente, minhas canções,
também tinham os mesmos acordes.
Hoje, sei tocar violão e alguns outros instrumentos,
graças a duas tentativas de meu pai. A primeira tentativa de aprender,
frustrada. Eu não tinha paciência para aprender, não tinha força pra apertar as
cordas. A segunda tentativa, sucesso. Principalmente, pela malandragem de meu
pai, em me ensinar os acordes mais fáceis. Dó, Ré, Sol, Mi, La. E com estes
acordes, eu fui capaz de tocar minha primeira música: “Vamos Construir”, de
Sandy e Júnior.
Aí, sim... Eu estava quase aprendendo. Procurava em todos
os lugares músicas que contivessem esses acordes fáceis, mas vez ou outra, dava
de cara com uma nota como Fá, Si... Os acordes com pestana. Eu fugia destes
acordes mais difíceis.
Minha noção de melodia era uma droga. Para mim, bastava
apenas uma palhetada em cada nota. E cada vez mais, minhas músicas pareciam
hits de uma palhetada só.
Mas num determinado momento, parei, e me dediquei a
aprender as pestanas. Eu precisava aprender a dominar essas notas difíceis. E
aprendi!
Confesso que até hoje algumas cordas escapam dos meus
dedos durante as pestanas. Mas sempre que estas cordas escapam, outra melodia
se faz. Eu gosto quando uma corda escapa de meus dedos, porque, depois, o som
me parece um pouquinho mais agradável. E porque, principalmente, me faz
conhecer um novo som. Uma nova vibração.
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